Esperanto
 
 
O Espiritismo e o Esperanto
 
 


   A cooperação entre o Espiritismo e o Esperanto inicia-se efetivamente antes da existência do próprio Esperanto. A Doutrina Espírita trazendo novas informações sobre os velhos problemas do ser, do destino e da dor, retomou com vigor o espírito de fraternidade cristã, incentivando a solidariedade humana acima das barreiras geográficas, raciais ou de qualquer outra espécie. O mandamento "Fora da Caridade não há salvação" não conhece complementação que separe os destinatários da caridade por local de nascimento, idioma natal ou filiação ideológica. A lógica interna da doutrina, a realização plena dos ideais propostos a seus adeptos, leva necessariamente ao desejo de comunicação simples e eficiente entre si. Também do "Espíritas Instrui-vos" é quase conseqüência a imperiosa necessidade de comunicação; comunicação de fatos, de análises, de conclusões, enfim o intercâmbio de idéias.


   Assim na Revue Spirite de novembro de 1862, quase vinte anos antes da obra "Lingvo Internacia, Antaŭparolo kaj Plena Lernolibro" do D-ro Esperanto, o espírito Erasto, em uma comunicação dedicada ao surgimento da linguagem dada na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris através do médium Sr. D'Ambel, declara:


   "Uma vez que os homens primitivos, ajudados pelos missionários do Eterno, emprestaram a certos sons especiais outras tantas idéias especiais, foi criada a língua falada; e as modificações por ela sofridas mais tarde o foram sempre em razão do progresso humano. Consequentemente, conforme a riqueza da língua, pode-se estabelecer-se facilmente o grau de civilização do povo que a fala. O que posso acrescentar é que a humanidade marcha para uma língua única, como conseqüência forçada de uma comunidade de idéias em moral, em política e, sobretudo, em religião. Tal será a obra da filosofia nova, o Espiritismo, que hoje ensinamos." (Trad. de Julio Abreu Filho, EDICEL)


   Na seqüência dos fatos, encontramos entre os primeiros adeptos do Esperanto um espírita checo que viria a tornar-se posteriormente famoso no Brasil, Francisco Valdomiro Lorenz. Democrata, Espírita e Esperantista em uma época que sua pátria estava sobre o domínio do conservador Império Áustro-Hungaro, viu-se obrigado a emigrar para o sul de nosso país. Seu primeiro livro dedicado ao Esperanto foi publicado ainda em sua terra natal, foi um manual para ensino da língua aos Checos: "Plena Lernolibro de Esperanto por C^eh^oj" (1890).


   Em 1908 aparece reproduzido no periódico "Lá Vie d' Otre-Tombe" um artigo de autoria de Camilo Chaigneau, intitulado "O Espiritismo e o Esperanto". Este artigo foi em fevereiro de 1909 traduzido e publicado na "Revista Reformador" da FEB. Lê-se nesse artigo:


   "(...) Pensando na quantidade de fato que a nós espíritas nos escapam por falta de tradução, na demora que essa mesma tradução traz á nossa documentação, parece que o Espiritismo deve ter todo o interesse em constituir uma revista central em que os fatos mais salientes possam agrupar-se, graças a uma língua comum a todos os países. É preciso, pois, que o Espiritismo aproveite dessas vantagens. Somente o fato de se servir do Esperanto estabelece um laço fraterno entre todos os esperantistas, e favorece a intercomunicação das doutrinas escritas ou faladas. É de absoluta utilidade para toda idéia sincera (...)".


   A partir de 1937 começa a atuar o Departamento de Esperanto da Federação Espírita Brasileira, departamento criado por iniciativa de Ismael Gomes Braga e que contaria com a cooperação do Prof. Porto Carreiro Neto e de Francisco Valdomiro Lorenz, entre outros. Os trabalhos do departamento enfocaram inicialmente a publicação de livros didáticos, que permitissem o aprendizado da lingvo internacia, dentre eles se destacando o "Esperanto sem Mestre" de I.G.B. (1937).


   Finalmente, de 1945 em diante, o departamento passou a editar livros Espíritas em Esperanto, iniciando-se pelo "Preg^libro per Spiritistoj", capítulo final do Evangelho do Espiritismo (1945). Ainda em 1945 surge o "Lá Libro de Lá Spiritoj" e em 1947 "Lá Evangelio Lau^ Spiritismo".


   Nesse período histórico ocorre um fato fundamental, em janeiro de 1940, Ismael Gomes Braga, visitando o médium Francisco Cândido Xavier, recebe do espírito Emmanuel uma mensagem intitulada "A Missão do Esperanto", em que se lê:


   "Sim, o ESPERANTO é lição de fraternidade. Aprendemo-la, para sondar, na Terra, o pensamento daqueles que sofrem e trabalham noutros campos. Com muita propriedade digo: "aprendamo-la", porque somos também companheiros vossos que, havendo conquistado a expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem espiritual, de modo a organizarmos, na Terra, os melhores movimentos de unificação."


   A mensagem de Emmanuel não teve somente impacto entre os espíritas encarnados, a partir dela outros espíritos passaram a manifestar-se a favor do aprendizado e uso da língua. Manifestaram-se não só poetas desencarnados como "Cruz e Souza" e "Castro Alves", enaltecendo a Lingvo Internacia, mas também cronistas do Além, como Camilo Castelo Branco (Memórias de um Suicida - 1954, médium Yvonne A. Pereira).


   O ano de 1975 marca o nascimento da "Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz", surgida de uma idéia discutida no Departamento de Esperanto da FEB, pelos amigos Nelson e Délio Pereira de Souza com Getúlio Soares de Araújo, a Sociedade passou a dedicar-se a tradução de livros espíritas para o Esperanto e sua distribuição pelo mundo, trabalhando de forma semelhante a um "Clube do Livro". Seus periódicos "Almanako Lorenz" (Anual) e "Komunikoj" também são dedicados a artigos sobre a Doutrina.


   Novamente em 1976 o plano espiritual se manifesta a respeito, o espírito Francisco Valdomiro Lorenz, através do médium Francisco Cândido Xavier, transmite o livro "O Esperanto como Revelação" (publicado pelo Instituto de Difusão Espírita), em que os esforços do Doutor Zamenhof são apresentados no contexto maior do progresso da humanidade. O Esperanto é parte fundamental do trabalho de transformação do nosso mundo de expiação e provas em um mundo de regeneração. (...)



   BIBLIOGRAFIA:


   * Volume IV - Revue Spirite 1862 - da coleção das obras completas de Allan Kardec publicada pela Editora Edicel;


   * Fotocópia do artigo "O Espiritismo e o Esperanto", publicado em fevereiro de 1909 na Revista Reformador, fornecida pela FEB;


   * Artigo de Afonso Soares, "O Esperanto e o Futuro", publicado em maio de 1995 na Revista Reformador (FEB);


   * O Esperanto como Revelação, Francisco Valdomiro Lorenz, médium Francisco Cândido Xavier, Instituto de Difusão Espírita;


   * "A Missão do Esperanto", Folheto distribuído pela Spirita Eldona Societo Francisco Valdomiro Lorenz;


   * Biografia de Ismael Gomes Braga publicada no periódico Komunikoj número 89 (janeiro/março 1998);


   * Folheto distribuído pela Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz com sua história;


   * Apresentação escrita pelos tradutores nos livros "Lá Libroj de la Spiritoj" e "La Evangelio lau Spiritismo", ambos da FEB;


   * Memórias de um Suicida, Camilo Castelo Branco, médium Yvonne A. Pereira;


   * Grandes Espíritas do Brasil, Zêus Wantuil, FEB;


Carlos Alberto Iglesia Bernardo.


 


 

 
 
 
 
 
 
Fonte: Boletim GEAE, Número 285 de 24 de março de 1998.
EDITORIAIS
 
DIA NACIONAL DO IDOSO

A lei nº 11.433, de 28 de dezembro de 2006, em seu artigo primeiro instituí o Dia Nacional do Idoso, a ser celebrado no dia 1o de outubro de cada ano.

Dessa forma, pelo costume comemora-se em 27 de setembro e por lei em 1º de outubro.

JANEIRO BRANCO

Depois do outubro rosa e o novembro azul, surge o janeiro branco que é uma campanha, que permite dar uma visibilidade às questões da saúde emocional, debater e difundir uma reflexão sobre a saúde mental.

31 de Outubro: Dia do Evangelho

O dia 31 de Outubro agora no Brasil, após a Lei número 13.246/2016, fica instituído o como Dia Nacional da Proclamação do Evangelho e em seu artigo 20 fala sobre a ampla divulgação à proclamação do Evangelho, sem qualquer discriminação de credo dentre igrejas cristãs.



 
 
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