A recuperação de pacientes com câncer está diretamente ligada à sua religiosidade, segundo os resultados de um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP). Segundo os próprios profissionais envolvidos no tratamento desses pacientes, é notória a importância da religião para a melhora do quadro dos doentes. Segundo os médicos, o sistema imunológico desses indivíduos aparenta ser mais resistente, e talvez por isso eles apresentem uma recuperação mais satisfatória, conclui Joelma Ana Espíndula, psicóloga, que liderou a pesquisa.

   Segundo um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, a fé apresenta benefícios favoráveis contra a ansiedade e a depressão. Segundo o estudo, pessoas religiosas ou que apenas acreditam na existência de Deus são menos angustiadas e sentem menor culpa em relação aos próprios erros. Os especialistas avaliaram a mente de 51 universitários por meio de testes e da eletroencefalografia, método que se vale de eletrodos dispostos na cabeça para medir as correntes elétricas do cérebro.

  Segundo a pesquisa, a crença religiosa diminui vertiginosamente a atividade do córtex cingulado anterior, situado na massa cinzenta.  "Quanto mais as pessoas acreditam em Deus, menos atuante é essa região. Para se ter uma ideia, a atividade dessa referida região, em pessoas ansiosas, chega a trabalhar em dobro, se comparadas com pessoas religiosas", segundo Michael Inzlicht, coordenador da pesquisa.

   O sentido que a religião dá para a vida dos pacientes pode ser a chave para explicar esse fenômeno. “Suspeitamos que se trata de uma proteção contra a ansiedade e a depressão porque ela dá um significado para a vida”, afirma Inzlicht. A oncologista Nise Yamaguchi, de São Paulo, compartilha da mesma opinião. “A performance física de um indivíduo depende de aspectos emocionais, mentais e espirituais. Quem acredita que a vida continua após a morte tem uma postura diferente da pessoa que não crê na continuidade”, diz Nise, uma das mais conceituadas especialistas em câncer do país.